
As atividades do mês da Consciência Negra começam com um importante espaço de reflexão e luta: o VIII Fórum Nacional pela Visibilidade Negra no Sistema Financeiro, realizado na sede do Sindicato dos Bancários do Ceará, nos dias 6 e 7/11, com cerca de 120 participantes inscritos, uma das maiores adesões da história do evento.
Promovido pela Contraf-CUT, o Fórum marca o início de um mês simbólico, que culmina no 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra e feriado em homenagem a Zumbi dos Palmares, líder quilombola que representa a resistência e a busca pela liberdade do povo negro no Brasil.
Desigualdade racial e exclusão social
Apesar dos avanços, os números mostram que o racismo estrutural continua marcando profundamente a sociedade e o mundo do trabalho. Dados da ONU (Organização das Nações Unidas) indicam que mulheres negras recebem, em média, 53% menos que homens brancos. No mercado financeiro, a sub-representação da população negra em cargos de liderança e o preconceito velado ainda são realidades que precisam ser enfrentadas.
No país, o racismo também se manifesta de forma brutal nas estatísticas da violência. O Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2025 revela que 79% das vítimas de homicídios em 2024 eram pessoas negras, e quase metade (48,5%) eram jovens entre 12 e 29 anos. “Esses números escancaram que o racismo não é um problema individual, mas estrutural. Está nas oportunidades, na renda e, tristemente, no direito à vida”, afirmou o secretário de Combate ao Racismo da Contraf-CUT, Almir Aguiar.
Compromisso com a igualdade
Durante o fórum, lideranças sindicais e representantes do movimento negro discutem estratégias para ampliar a inclusão racial no sistema financeiro, fortalecer a formação política e sindical e combater as diferentes expressões do racismo dentro e fora dos bancos.
“É preciso que o sistema financeiro assuma seu papel social. Assim como o lucro deve ser compartilhado entre todos os trabalhadores, o acesso a oportunidades e ascensão profissional também precisam ser democráticos”, destacou Almir Aguiar.
O dirigente também lembrou que o debate racial deve ser permanente dentro das instituições financeiras. “O mês da Consciência Negra não pode se resumir a homenagens. Ele precisa ser um chamado à ação, à construção de políticas que garantam diversidade, respeito e reparação histórica”, completou.
Consciência e resistência
O VIII Fórum Nacional pela Visibilidade Negra reafirma o compromisso da categoria bancária com a luta antirracista, a valorização da diversidade e a promoção da igualdade de oportunidades. Em um país onde a cada 23 minutos um jovem negro é assassinado, a resistência segue sendo urgente e necessária, tanto dentro dos bancos, quanto nas ruas e em toda a sociedade.
“Falar de visibilidade negra no sistema financeiro é falar de dignidade, de oportunidades reais e de um Brasil mais justo. Esse fórum é parte viva da nossa luta coletiva por respeito, representatividade e justiça social”, concluiu Almir Aguiar, secretário de Combate ao Racismo da Contraf-CUT.
Fonte: Contraf-CUT