
O segundo dia do 31º Curso Anual do NPC (Núcleo Piratininga de Comunicação) foi aberto, na manhã desta sexta-feira (5/12),na sede da AVBI (Associação Brasileira de Imprensa), com a mesa “Comunicar para resistir: a força da comunicação nas crises atuais”.
Participantes deste painel falaram sobre a necessidade de investimentos na comunicação, com a utilização das redes sociais e novas tecnologias para vencer as disputas de narrativas e ataques aos trabalhadores, com destaque para a reforma administrativa e seus impactos nos servidores públicos.
Foi citada a luta contra o neoliberalismo, o poder das “bigtechs”, as manobras dos parlamentares que representam a extrema-direita no Congresso Nacional e as dificuldades que o Governo Federal tem de se comunicar com a população e para desenvolver as políticas públicas que o país precisa.
Participaram dos debates a dirigente do Sindijus-PR, Arlete Rogoginski, Heloisa Villela, jornalista do ICL Notícias – Jornalismo Independente, o jornalista e escritor Altamiro Borges, e, também, o jornalista e editor do site Outras Palavras, Antonio Martins.
Comunicação x saúde
Os debates do segundo painel do Curso do NPC se deram em torno do tema “Saúde é ausência de medo e a comunicação sindical/popular com o SUS”, com a participação de Rodrigo Murtinho (ICICT/Fiocruz), Claudia Santiago (NPC), Alexandre Oliveira (Sindpetro/NF) e Luciene Lacerda, psicóloga e ativista.
Rodrigo explicou que o termo “Saúde é ausência de medo” surgiu durante a 8ª Conferência Nacional de Saúde”, em um momento em que o país passava pelo fim da ditadura militar e recentemente foi restaurado, tendo como referência a cidadania.
Ele também fez uma análise sobre os avanços da saúde pública nos últimos anos, as ações desenvolvidas pelo SUS (Sistema Único de Saúde) durante a pandemia de Covid-19 e criticou o desvio de verbas no setor.
Alexandre fez relatos sobre a atuação do Sindipetro na proteção da saúde dos trabalhadores e a divulgação das informações desta área nos meios de comunicação da entidade.
A pandemia também foi citada pela psicóloga Luciene Lacerda, que falou sobre as primeiras pessoas que contraíram essa doença, empregadas domésticas, enfermeiras e trabalhadores da recepção de hospitais, a maioria negros. Segundo Luciene, a maioria dessas pessoas que menos tinham acesso aos serviços de saúde. No final de sua fala ela abordou o assédio moral e a discriminação no ambiente de trabalho, afirmando que esses problemas são objeto de campanhas das quais participa contra a violência no trabalho.
Redes sociais e a marca do Sindicato
A primeira mesa do período da tarde desta sexta-feira (5/12) tratou do tema “Redes sociais e a marca do Sindicato”. Leo Silva e Artur Araújo, profissionais da área de social media/comunicação, apresentaram materiais utilizados por entidades sindicais para se comunicar com suas categoriais.
Eles falaram sobre a importância da identidade visual, da objetividade dos materiais e do alinhamento entre a equipe de comunicação e a direção do Sindicato para definir a mensagem a ser divulgada.
Inteligência Artificial
Já a mesa “Inteligência Artificial e Big Techs”, fez uma análise sobre as novas tecnologias de comunicação virtual. O professor da UFABC, Sergio Amadeu, comentou o crescimento dos investimentos dos data centers e a intenção das grandes corporações de substituir o trabalho humano pelos computadores, utilizando informações dos usuários captadas na internet.
Outro integrante deste painel, Felipe Araújo (SENGE/RJ), acredita que as entidades sindicais, bem como os movimentos sociais, devem traçar estratégias de comunicação com suas bases, com ações coordenadas nas redes sociais.
Para ele, “os Sindicatos precisam estar presentes em todas as frentes nas redes sociais, alcançando trabalhadores de diferentes perfis, políticas e regiões”.
No encerramento dos debates no 31º Curso Anual do NPC, Arthur William, fez um histórico das ferramentas de comunicação, iniciando com uma imagem da lendária “linotipo”, máquina utilizada na era chamada de “composição a quente”, até a evolução dos computadores até chegar à IA (Inteligência Artificial).
Para ele, a IA é uma tecnologia de propósito geral, impactando diversas áreas da vida humana, como a saúde, lazer, comunicação e tecnologia da informação, e que por isso o debate sobre ela não pode ser segmentado apenas para o setor da tecnologia.
Finalizando sua fala, Arthur lançou um desafio aos presentes, que atuam em sindicatos e na comunicação musical: pensar nas transformações geracionais e tecnológicas para preparar as próximas gerações — da geração silenciosa à geração Beta, que já nasce imersa no digital e na IA.
Por Armando Duarte Jr.