
O Comando Nacional das Bancárias e dos Bancários se reuniu, na segunda-feira (1º/12), com a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos), para a negociação “Gestão ética da tecnologia na relação de trabalho”.
O encontro foi solicitado pelo movimento sindical para discutir os riscos do uso abusivo de tecnologias como ferramentas de controle, por parte das empresas sobre os funcionários, de forma a violar o direito à privacidade e ao bem-estar dos trabalhadores.
Logo no início da reunião, os representantes do movimento sindical apresentaram propostas sobre o tema, com as seguintes linhas gerais, que poderão fundamentar cláusulas futuras, na CCT (Convenção Coletiva de Trabalho) da categoria:
1) Que a aplicação de todas as novas ferramentas utilizadas nas relações de trabalho, seja monitoramento, avaliação ou treinamento, por exemplo, se atenha, exclusivamente, às questões relacionadas ao trabalho;
2) A garantia de que todas as ferramentas tecnológicas, novas ou as que já estão implementadas, sejam negociadas com o movimento sindical, para garantir a transparência de utilização das mesmas;
3) Garantia de intervenção humana e qualificada em todos os processos de decisões relacionadas ao uso das tecnologias, para que nenhum trabalhador seja punido ou avaliado de forma automatizada; e
4) Gestão humana na utilização de novas tecnologias de monitoramento e avaliação no teletrabalho, garantindo ao funcionário o direito de questionar o resultado de seus feedbacks (avaliações).
Para a coordenadora do Comando Nacional e também presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira, orientar o tema por meio de cláusulas é fundamental para que a tecnologia tenha seu uso limitado às situações do trabalho. “Não tem cabimento aceitarmos que a trabalhadora e o trabalhador sejam submetidos à vigilância intrusiva, que invada sua privacidade, indo além das dimensões do trabalho, retirando-lhes a autonomia. A hipervigilância não é saudável, em sentido algum, seja para a criatividade, seja para o bem-estar, porque impede que o funcionário realize de forma saudável suas atividades”, destacou. “Para isso, exigimos a garantia de participação do movimento sindical sobre os tipos e usos de tecnologias, e de que formam impactam o dia a dia dos trabalhadores”, completou.
O secretário de Saúde da Contraf-CUT, Mauro Salles, completou que a “gestão ética do uso da tecnologia” no trabalho, por parte dos bancos, deve incluir ainda o direito do trabalhador à contestação e informação. “Os trabalhadores têm o direito de saber que tipo de sistemas estão monitorando-os e de que forma são utilizados para a formulação de feedbacks. Também defendemos que nenhum trabalhador seja punido ou avaliado exclusivamente por decisão automatizada. Para isso, é necessária a garantia da intervenção humana e qualificada, especialmente nos processos relacionados ao monitoramento”, ressaltou.
A também coordenadora do Comando Nacional e presidenta do Sindicato de São Paulo, Neiva Ribeiro, reiterou a importância de que os bancos garantam a transparência em todos os mecanismos de monitoramento. “Este debate é de suma importância para a categoria diante do avanço das novas tecnologias. Não podemos permitir que se repita um episódio recente – no qual o monitoramento digital, do qual trabalhadores não tinham pleno conhecimento e não receberam feedback prévio, foi utilizado como justificativa para demissão em massa. Para isso, é preciso garantir a utilização ética das novas tecnologias em todas as etapas das relações de trabalho no setor bancário”, concluiu.
Nova reunião será realizada, ainda sem data prevista, para que as negociações sobre o tema prossigam.
Fonte: Contraf-CUT