O movimento sindical bancário foi às ruas em diversas cidades do país na quinta-feira (10/07), nos atos organizados pela CUT (Central Única dos Trabalhadores) e outras entidades que compõem as Frentes Brasil Popular e o Povo sem Medo para pedir o fim da escala 6 dias de trabalho 1 de descanso, a taxação dos super-ricos e a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil.
“A desigualdade reina em nosso país e nós temos que, cada vez mais, lutar pra acabar com essa desigualdade, com a miséria e com a fome, com os privilégios dos super-ricos, com aqueles do mercado financeiro que ganham dinheiro com a exploração do povo brasileiro, que estão mamando nas tetas do orçamento público, que têm mais de R$ 800 bilhões de isenção e que são contra a isenção do Imposto de Renda pra quem ganha até R$ 5 mil”, destacou a presidenta da Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro) e vice-presidenta da CUT Nacional, Juvandia Moreira, que participou da manifestação que ocorreu na Av. Paulista, na capital de São Paulo.
De última hora outro tema entrou na pauta de reivindicações: a defesa da soberania do Brasil e do povo brasileiro, diante dos ataques do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, após estabelecer uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados para aquele país.
Os manifestantes também deram um recado claro à família Bolsonaro, depois da fala do senador Flávio Bolsonaro de que a anistia “ampla, geral e irrestrita”, aos investigados pelos atentados de 8 de janeiro, seria passo inicial para negociar com os EUA a retirada de tarifas.
“O Brasil é um país importante e nós temos que defender o Brasil, defender a nossa democracia. Sem anistia, sem perdão para golpista, porque golpista tem que estar na cadeia”, completou Juvandia Moreira, durante seu discurso.
As manifestações pela taxação dos super-ricos, fim da escala 6×1 e pela soberania, com a participação do movimento sindical bancário, ocorreram também em Fortaleza (CE), Belo Horizonte (MG), Rio de Janeiro (RJ), São Luís (MA), Curitiba (PR), Brasília (DF), Aracaju (SE), Dourados (MS) e Porto Alegre (RS).
Um estudo da Oxfam Brasil, organização britânica de combate à desigualdade, revela que os pobres pagam, proporcionalmente, três vezes mais impostos que os 0,15% mais ricos da população brasileira (e que concentram R$ 1,1 trilhão em renda no país).
Desde meados de março, tramita na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei nº 1.087/2025, de autoria do Governo Federal, para que pessoas com renda mensal de até R$ 5 mil tenham isenção total e pessoas com renda de até R$ 7 mil isenção parcial do Imposto de Renda. Caso seja aprovado, estima-se que 10 milhões de brasileiros serão somados à atual faixa de contribuintes isentos do IR. O governo também afirma que o PL ampliará para 90% o percentual de contribuintes isentos e com descontos parciais no IR.
Para compensar a perda de receitas com o aumento de isentos e dos que terão descontos no IR, o governo propõe um imposto mínimo de até 10% para quem ganha mais de R$ 50 mil/mês (ou 600 mil/ano) – o que atingiria somente 141,1 mil brasileiros ou 0,13% dos contribuintes. Mas é justamente por causa deste ponto, sobre o aumento aos mais ricos, que a proposta passou a sofrer resistência no Congresso.
Como forma de atacar o PL, grupos têm utilizado a grande imprensa e redes sociais para propagar que o aumento de impostos para os mais ricos irá prejudicar a economia. Mas análises apontam exatamente o contrário, ou seja, que a economia será beneficiada, porque a população afetada pela isenção ou desconto no imposto de renda terá mais dinheiro no bolso. Uma nota técnica publicada pela Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira, da Câmara dos Deputados, estima um impulsionamento de, pelo menos, R$ 10 bilhões no consumo agregado, isso no curto prazo.
Fonte: Contraf-CUT