Edgard dos Santos Pereira, 66 anos, funcionário do Banco do Brasil na agência do Catete, do Rio de Janeiro, morreu no domingo (29/03), com todos os sintomas do novo coronavírus. Ele trabalhou normalmente até o último dia 13 e foi afastado na segunda-feira (16) após ter sido atendido em uma unidade da Cassi com um quadro de gripe e febre. Como não apresentou melhoras e passou a sentir falta de ar, Edgard foi levado ao Hospital Copa D’Dor na sexta-feira (27), onde veio a falecer no domingo, com quadro de pneumonia dupla, deixando esposa.
Colegas de trabalho lembram que Edgard praticava capoeira e era saudável, o que derruba mais uma vez a tese de que “atletas” estão imunes ao risco de morte em função dessa doença.
Descaso do BB
Os funcionários da agência Catete estão em estado de choque e o Sindicato dos Bancários do Rio cobra a higienização da agência e o fechamento imediato desta e das demais unidades e todo o apoio e assistência aos funcionários e aos familiares de Edgard. A direção do BB se nega a fechar a agência mesmo após a morte do bancário.
“É um total descaso com clientes e funcionários que estão confinados num ambiente fechado e se tornam potenciais alvos do Covid-19. Com toda a pandemia que assola o mundo e agora o Brasil, os bancos se mantêm insensíveis aos riscos e insistem em manter o atendimento nas agências”, disse o diretor do Sindicato do Rio, Alexandre Batista, que esteve na unidade na manhã desta segunda-feira (30) junto com outros sindicalistas.
Fechamento dos bancos, já!
Não deu tempo de sair o exame de confirmação do Covid-19, mas a orientação dos médicos para que não fosse feito o velório e nem cremação, reforça as suspeitas de que a causa morte foi o coronavírus, apesar de seu falecimento não entrar oficialmente nas estatísticas da Secretaria Estadual de Saúde.
Dirigentes do Sindicato dos Bancários do Rio foram imediatamente à agência do Catete, para prestar condolências aos colegas de trabalho de Edgard e falar aos funcionários da importância do fechamento imediato dos bancos, medida defendida pelo Sindicato, e dos cuidados preventivos que as pessoas devem tomar bem como sobre a importância do isolamento social, rebatendo a afirmação do presidente da República Jair Bolsonaro, de que se trata apenas de uma “gripezinha” e de “alarmismo” feito pela mídia.
“É inadmissível a omissão e a covardia da direção do BB. Quantos mortos mais teremos de lamentar para que os bancos entendam que os lucros não podem estar acima da vida? E o banco ainda chega ao absurdo de cobrar metas com pressão psicológica sobre os funcionários”, critica Alexandre.
Presidente do BB insensível
O Sindicato voltou a criticar também a posição insana do presidente da República Jair Bolsonaro, que defende a volta à normalidade e o funcionamento normal do comércio e bancos.
Na sexta-feira, 25, já havia sido confirmado um caso de coronavírus em escritório digital do prédio do Sedan/BB, no Centro da capital fluminense.
O presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, declarou em entrevista ao Jornal O Globo, alinhado à posição de Bolsonaro, de que “é melhor” que a maior parte da população seja infectada “o quanto antes” para que “a economia volte a funcionar normalmente”. A afirmação causou revolta na categoria.
“Estamos ainda sob o choque da morte de um companheiro no Rio. Essa afirmação confirma o descaso e a crueldade deste governo e da direção do BB para com os bancários, os trabalhadores e o povo brasileiro”, critica a diretora do Sindicato do Rio e integrante da Comissão de Empresa dos Funcionários, Rita Mota.
Por Carlos Vasconcellos/Sindicato do Rio de Janeiro