O Banco Santander Brasil obteve um Lucro Líquido Gerencial de R$ 14,550 bilhões em 2019, com crescimento de 17,4%, em relação a 2018, e de 0,6% no trimestre, segundo análise feita pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômico), com base no balanço apresentado pelo banco nesta quarta-feira (29/01).
O resultado foi positivamente impactado pela entrada de créditos tributários no montante de R$ 3,3 bilhões e pelas receitas de serviços e tarifas. A rentabilidade (Retorno sobre o Patrimônio Líquido Médio Anualizado – ROE) foi de 21,3%, com alta de 1,4 pontos percentuais em 12 meses. O lucro obtido no Brasil representou 28% do lucro global, que foi de € 8,252 bilhões (com crescimento de 3% em um ano).
“A cada trimestre recebemos a notícia sobre o crescimento do lucro do Santander no Brasil. E isso se repete faz anos. O resultado é uma consequência do trabalho árduo realizado por bancários e bancárias, que se desdobram para realizar as tarefas que se acumulam”, afirmou o secretário de Assuntos Socioeconômicos e representante da Contraf-CUT (Confederação nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro) nas negociações com o banco, Mario Raia.
Descaso com trabalhadores e clientes
“O resultado que surge de uma equação que tem entre suas variáveis a redução de pessoal, o aumento de agências e o crescimento constante do lucro são trabalhadores sobrecarregados e propensos ao adoecimento. O banco precisa parar com as demissões e contratar novos funcionários para recompor o quadro e atender melhor e mais rapidamente seus clientes”, criticou o dirigente da Contraf-CUT.
Um exemplo dos problemas de atendimento no Santander é o que ocorreu em Blumenau (SC), onde a principal agência do Santander foi fechada pelo Sindicato após trabalhadores terem sofrido ofensas e ameaças de clientes que reclamaram do tempo de espera para atendimento.
A holding encerrou o ano com 47.819 empregados, com fechamento de 193 postos de trabalho em relação a dezembro de 2018. No quarto trimestre houve redução de 1.663 postos de trabalho no banco. Foram abertas 45 agências em 12 meses (11 no último trimestre do ano).
A receita com prestação de serviços e a renda das tarifas bancárias cresceu 8,1% em 12 meses, totalizando R$ 18,7 bilhões. As despesas de pessoal mais PLR subiram 1,4%, atingindo R$ 9,5 bilhões. Assim, no ano de 2019, a cobertura dessas despesas pelas receitas secundárias do banco foi de 196,8%.
“O constante aumento de receita com tarifas bancárias mostra que não apenas os funcionários, mas os clientes também sofrem com sanha por lucro do Santander no Brasil”, observou Mario Raia.
Carteira de crédito
A Carteira de Crédito Ampliada do banco teve alta de 11,9% em 12 meses e 5,8% no trimestre, atingindo R$ 432,5 bilhões. As operações com pessoas físicas cresceram 17,2% em doze meses, chegando a R$ 155,3 bilhões, impulsionado por crédito consignado (25,6%), crédito imobiliário (14,7%) e cartão de crédito (13%). A Carteira de Financiamento ao Consumo, originada fora da rede de agências, somou R$ 58,2 bilhões, com crescimento de 16,3% em relação a 2018. Do total desta carteira, R$ 41,3 bilhões (87% da carteira) referem-se a financiamentos de veículos para pessoa física, apresentando aumento de 17,2% no período.
O crédito pessoa jurídica voltou a crescer em doze meses, alcançando R$ 138,5 bilhões, com variação de 12,9% em 12 meses. O segmento de pequenas e médias empresas cresceu 15,4%, e o de grandes empresas cresceu 11,9%. Desconsiderando-se o efeito cambial, o crescimento seria 10,5% em 12 meses. O Índice de Inadimplência superior a 90 dias ficou em 2,9%, com queda de 0,2 pontos percentuais, enquanto as despesas com PDDs (Provisões para Créditos de Liquidação Duvidosa) subiram 26,7%, somando R$ 16,1 bilhões.
Veja abaixo a tabela com o resumo da análise do Dieese, ou, se preferir, clique no link para ler o documento na íntegra.
Fonte: Contraf-CUT