Os grandes bancos brasileiros anunciaram que, entre os dias 2 e 6 de dezembro, parte das agências terão o horário estendido até às 20 horas para renegociações de dívidas e educação financeira. A ação faz parte de um acordo firmado entre o Banco Central e a Febraban (Federação Brasileira de Bancos). Aderiram à iniciativa, que envolverá 261 agências em todo o País, Banco do Brasil, Banrisul, Bradesco, Caixa Econômica Federal, Itaú e Santander.
“Uma operação como essa envolve diversos fatores como estrutura, condições de trabalho, segurança e, principalmente, o correto pagamento de direitos dos bancários e bancárias envolvidos. É preciso que cada um destes pontos seja objeto de esclarecimento e negociação com as entidades representativas da categoria”, enfatiza a secretária-geral do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Neiva Ribeiro.
“Lembramos que os ataques à categoria bancária presentes na MP (Medida Provisória) 905, assinada por Jair Bolsonaro em 11 de novembro – como o aumento da jornada para 8 horas e a permissão para trabalho aos sábados, domingos e feriados – são temas de negociação. Cobramos que os bancos respeitem o processo negocial, construído ao longo de décadas, e não se aproveitem dessa MP para não pagar as devidas horas-extras aos bancários envolvidos nessa operação de renegociação de dívidas. Temos uma Convenção Coletiva de Trabalho em plena validade, assinada pelos bancos, que deve ser respeitada”, alerta Neiva.
Para a diretora do Sindicato de São Paulo, se os bancos realmente desejam melhorar a educação financeira da população, deveriam começar por abrir mão da cobrança de taxas abusivas, juros extorsivos e do absurdo spread bancário.
“É fácil falar em educação financeira colocando toda a responsabilidade nas costas dos clientes. Difícil é explicar que, somente este ano, apenas quatro bancos [Itaú, Santander, Bradesco e BB], já cobraram R$ 24,2 bilhões em tarifas dos clientes, crescimento de 7,1% em relação ao ano passado, enquanto a inflação [INPC] variou 2,89% no mesmo período. Difícil é explicar que os juros no cheque especial ultrapassam os 300% ao ano. Mais difícil ainda é explicar que o spread bancário no Brasil siga como um dos maiores do mundo. Também seria importante que os bancos apresentassem seus motivos para fecharem diversas agências nas periferias e municípios menores, onde a população mais precisa”, critica Neiva.
“Se a intenção realmente é melhorar a educação financeira do brasileiro, deveríamos começar pelos bancos brasileiros, que poderiam dar o exemplo exercendo a responsabilidade social que deveriam ter enquanto concessões públicas que são”, conclui.
Fonte: Spbancários